domingo, 15 de junho de 2014

Copa, dia 4: foi fácil, só não foi amigável


França 3-0 Honduras

Estilisticamente, a nuance mais aprazível do jogo foi a carga de pancadaria com que os hondurenhos castigaram os franceses. Em tudo o mais, foi só descanso activo (e uma ou outra nódoa negra) para os comandados de Deschamps, um longo bocejo que teria honestamente dispensado uma segunda-parte. As Honduras são, de forma redundante, a equipa mais débil do Mundial.

Mesmo com o golo a nunca ter sido mais do que uma questão de tempo, a França deixou boas sensações na primeira-parte. Pareceu uma equipa disponível e muito homogénea em campo, com um fluxo interessante entre os interiores, os alas e os extremos. Pareceu, igualmente, uma equipa leve, positiva, de cabeça limpa. Toda a gente viu a polémica ausência de Nasri e a mais ou menos chocante lesão de Ribéry mas, e por mais injusto que isto possa soar, a ausência das pop stars pode, na verdade, fazer muito bem aos Bleus. É dado adquirido que falar na França é falar de um balneário complexado e em nenhum outro os egos fizeram tamanho estrago nos últimos anos. Agora, a primeira impressão foi a de uma equipa jovem, dinâmica e com muita vontade de fazer bem as coisas. Não pode haver melhor princípio.

Todavia, como em qualquer performance gaulesa digna desse nome, as histórias de um jogo sem história foram as suas pequenas tramas. À falta de um adversário para poder jogar, houve um agressor que afinal foi o agredido e 10 penosos segundos a suster a respiração pela possibilidade de Pogba começar isto com um vermelho directo. Houve um penalty, uma expulsão e um golo que não entrou mas afinal até entrou, num calafrio mal disfarçado para o olho de falcão que a FIFA nos tem impingido com tanta bazófia por estes dias. Ah, e não sei se já vos disse, mas houve porrada. Muita e boa porrada.

FRANÇA - Difícil tirar ilações quando é tão fácil. O melhor terá sido Valbuena. 'Le petit velo', a pequena bicicleta, nunca será um génio, mas é um futebolista de utilidade e rentabilidade a toda a prova. Ágil e rápido, gosta de jogar por dentro e é o senhor das bolas paradas. Nenhum treinador se importaria de ter um no bolso. Matuidi foi o mais forte de um meio-campo de extremo alcance sobre o qual tenho franca curiosidade. Com Cabaye a ancorar o miolo e Pogba a ser mais inortodoxo, o médio do PSG foi um expresso rumo à área contrária. Os 2,5 golos de Benzema, mesmo num amigável, também não devem ser menosprezados.

HONDURAS - Não. Uma equipa onde é suposto Wilson Palacios ser o jogador mais esclarecido está condenada à partida. Seja como for, é gente da América Central, terra onde vou passar a velhice, portanto são sempre bem-vindos. Além do mais, é possível não ter uma certa estima por quem bate em tudo o que fala francês?

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