sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Derek. Gervais numa comédia-drama (estranha)


Série particularmente estranha do léxico gervasiano. Derek é uma comédia-drama sobre um autista que, com mais uma mão de peculiares responsáveis, serve de ajudante num lar de idosos. Alguns traços da sua acção estão omnipresentes, como o constrangimento das piadas, mas, ao contrário da génese da obra de Gervais, Derek tem, efectivamente, uma conotação dramática verdadeira, no quadro dos idosos "pobres, enfraquecidos e esquecidos" e na maneira como todos os personagens terão de lutar para poder manter as portas do lar abertas.

Filmado no seu tradicional mockumentary (um formato que, aos poucos, também se vem a gastar) é difícil, no resto, perceber as suas traves-mestras. A personagem de Gervais tem um interesse quase nulo, ainda que tenha despertado controvérsia: os críticos retrataram-na como uma piada barata a deficientes, ao passo que o criador o rechaçou completamente, dizendo que o que personificou foi a pureza de alguém que só quer ajudar, sem ser minimamente ofensivo. Seja de que maneira for, a primeira vista soube a muito pouco. As piadas foram condescendidas e infantilizadas, e esbateram-se sem qualquer peso pelos tradicionais 22 minutos de episódio. O lado que despertou alguma atenção foi, sinceramente, o mais sério, em que o piloto foi capaz de produzir dois ou três momentos bons, com narração e banda sonora incluídas, que sugerem uma possível cobertura à série.

Como é que Gervais terá conjugado a sua lógica de escrita habitual com papéis focais pobres e um background diferente de tudo o que já fez, é uma dúvida de monta... ainda que não grande o suficiente para continuar a consumir este outro produto da Netflix.

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