quinta-feira, 30 de maio de 2013

Comédias 12/13, o pulso final


Uma brutalidade, é o que é The League. A primeira temporada, num 2009 já distante, foi tépida. Parecia que aquecia, mas ainda não se tinha a certeza. Daí até Dezembro do ano que passou (season 4), foi uma escalada a correr. Não será injusto dizer que a história do dia-a-dia de cinco amigos trintões obcecados com uma fantasy league melhorou de temporada para temporada, e que está naquilo que se pode bem chamar um auge. É tão boa, tem tantas idiossincrasias, tantas piadas em verosimilhança com o que acontece nos melhores grupos de amigos, sem baboseiras, nem lições de moral, que se consome autenticamente a si própria. É um luxo e é imperdível.

New Girl confirmou tudo o que anteviu no início e foi, no mercado mainstream, a jóia da temporada. Tratou com charme e sem complexos a trama principal, e isso assegurou-lhe uma temporada cativante de princípio a fim, que se completou, como é óbvio, pelo resto do seu excelente universo. É carismática, tem uma frescura sem esforço, e arrisca sem nunca ser lírica demais, o que, no mínimo, terá de se reflectir no seu regresso a concurso para Comédia do Ano (coisa que foi, de facto). Depois do reconhecimento para Zooey Deschanel e Max Greenfield em nomeações (emmys e globos), também é hora de haver olhos para o nível do lead do grande Jake Johnson.

Big Bang começa a dar os sinais do tempo, agora que todas as personagens já estão absolutamente esgotadas, e que se sabe quase sempre o que esperar. No dealbar da 7ª temporada, avança para um ocaso claro, e, infelizmente, não parece nada expectável que possa reinventar o que quer que seja nesta fase. Modern Family continua no registo de sempre, e não evita algum desalento por isso. É a série mais pessoal nos temas, a mais fundista em maturidade, e possivelmente a mais bem escrita numa perspectiva geral, que não necessariamente cómica, tendo o palmarés de galardões a falar por si. Com o passar dos anos, no entanto, nem se esforça por carregar menos na sua seriedade emocional, e conservar a centelha que ocasionalmente demonstrou. É uma série que vai perdurar, mas com a qual é cada vez mais difícil criar uma certa militância.

Finalmente, Californication. A ter ido com a season 5, e teria acabado à sua altura. Mais um ano... e voltou o loop. Continuamos a ver porque sim, porque é impossível não empatizar com o que ela representa, porque Duchovny continua a ser um ícone, e porque, à semelhança do seu personagem, há ali tanto potencial condensado que, nunca se sabe, pode sempre surgir um lance de génio. Certo é que já não faz sentido e que, daqui para a frente, só se vai continuar a vulgarizar. Há que acabar o quanto antes, e essa é a única forma de honrar o seu notável ideário.

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