quarta-feira, 3 de abril de 2013

O nosso Zé vai-nos salvar


Obrigado Zé, a sério. Andamos nós nesta vida há três ou quatro anos, a troika veio para cá, a União e o FMI só falam em nós, não há forma de fazermos contas à vida, e afinal só estávamos a complicar. Nós, eles, todos, ninguém era capaz de ver. E tu Zé, tu que és o maior Zé, resolveste isto em duas ou três pinceladas de uma moção de censura. Nasceste para isto, Zé. Andamos há tanto tempo a contar os tostões, a puxar o cobertor e a destapar os pés, a afinal só andávamos a dormir com os pés frios porque tu ainda não tinhas chegado para nos salvar. Afinal era fácil, Zé. Hoje, entraste na Assembleia, e foste tudo o que precisávamos. Sabemos como aquela moção te custou, tu que tens essa alma de estadista, mas a moção não era por ti, era por nós. E pronto, bastou pores pé naquele púlpito, para termos a altitude de uma Quarta Aparição da Senhora de Fátima. Afinal é só baixar impostos, aumentar empregos e travar todos os cortes na função pública. Foda-se Zé, estava tão à nossa frente e éramos tão incapazes de ver. Obrigado Zé, a sério. Nunca te poderemos pagar.

O Zé é daqueles tipos que no Portugal meritocrata que temos, teria sempre de chegar a primeiro-ministro. O Zé é carisma, seriedade, coragem, engenho, boas ideias, visão. Ouvimos o Zé a falar, e queremos ir para a guerra com ele. Ele contagia-nos e mostra-nos o caminho. Eu punha todos os filhos e todas as poupanças que tivesse nas mãos do Zé. Ele sabe sempre o que devemos fazer, com a claridade dos predestinados. E não é um facilitista, desenganem-se disso. É um político como era suposto que os políticos fossem, um homem que se afecta, que conhece as pessoas, que sabe da vida, que cresceu na rua, que respira o país, que dá infinitamente mais à política do que a política lhe dá a ele. Sorte da política, e sorte a nossa, acima de tudo, de podermos contar com pessoas como o Zé. Um vulto que sabe sempre estar pelo bem do país, que acrescenta sempre qualquer coisa, que escolhe sempre o caminho mais difícil, que não é demagógico, eleitoralista, e, sobretudo, que não é oco. Que não é nenhum batanete sem vida na cara, só com as bochechas ligeiramente inchadas do seu insuflado e proverbial vazio ideológico, alguém que nem cuja opinião sobre o tempo interessaria saber. Aliás, já nem sei de quem é que estou a falar.

Se tivéssemos azar, tinha-nos saído um líder de Oposição que, ao vermos no fundo do túnel, pensaríamos que mais valia começar a escavar. Um baço que, a apresentar-se como solução num caso de vida ou de morte, nos poria a considerar morrer com dignidade. Ao menos, saiu-nos o Zé.

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