sexta-feira, 12 de abril de 2013

Champions 2013. A Guerra dos Tronos

 

Estarem lá os quatro que toda a gente queria ver é um luxo. 

6ª meia-final seguida do Barça, 3ª meia-final seguida do Real, 3ª meia-final em 4 anos do Bayern. Dá para perceber a ideia: continuam a ser translúcidas as três melhores equipas europeias da segunda década do novo século. Junta-se-lhes, desta vez, a frescura de um joker apaixonante, o Borussia bicampeão alemão, que foi o maior da Europa em 1997, mas que já não andava nestas coisas há tempo demais. São houvesse um quatro ideal, eram eles - a gloriosa Premier League padeceu de mais um ano europeu pouco glamouroso, ainda que não seja justo falar de nenhuma decadência de consumo -, e o sorteio até se encarregou de dividi-los irmanamente, para melhor celebrar tamanho choque hispano-alemão de titãs.

O Real já perdeu para os dois primeiros, Mourinho já os bateu a ambos na última vitória. O Barça-Bayern era, de facto, a odisseia que faltava a estes anos. Sob a melhor equipa da História parecem pairar, por fim, algumas sombras, mas, como provou a recepção do Camp Nou ao PSG, Messi continua a ser um extraterrestre para todas as horas, e continua a perverter todas e quaisquer dúvidas existenciais da equipa. Do outro lado, está, porém, o que muitos consideram o mais temível de todos os adversários, o que, longe do mediatismo espanhol, diz quase tudo sobre o nível do pelotão de Heynckes. Há meses que o Bayern se encarrega de espantar o continente, a incinerar adversário atrás de adversário, e, hoje, já com o título resgatado três anos depois, a equipa parece verdadeiramente maior do que nunca.

Do outro lado, Mourinho experimentará o terceiro adversário em outros tantos anos, mas não pode respirar de alívio. Bem presente terá de estar o showdown de superioridade do gigante amarelo na fase de grupos, o mesmo para o qual Mourinho pedia atenção quando isto começou, para que ninguém se surpreendesse depois. O Real terá de lidar com uma equipa fresca e entusiástica, fora todo o brilhante resto, num ano inexplicavelmente atípico, onde se insinua o desgaste do projecto, e onde se tem vivido numa verdadeira roleta russa de comportamento, tão capaz de chegar a uma final da Copa do Rei em pleno Camp Nou, como de se sujeitar a ser humilhado numa noite normal em Istambul.

Apesar de tudo, o que está na cabeça de toda a gente é a autêntica final de uma Era. Será? Se há coisa que o ano passado deve ensinar, é que há tudo menos vencedores por decreto. As armadas espanholas continuam a ter muito a pesar a seu favor, e têm muito especialmente a incredulidade de dois talentos ímpares e intemporais, mas já estão longe de serem armadas invencíveis. Hoje, são mais humanas do que nunca, e a verdade é que, qual Guerra dos Tronos, devem ter medo dos adversários que lhes saíram em sorte. Hoje, a verdade é que um cheque-mate germânico já não poderá escandalizar ninguém.


P.S. - Galvanizador para o Benfica evitar o Chelsea nas meias-finais da Liga Europa. Vale a pena acreditar na final de Amesterdão, mesmo que o Fenerbahçe seja muito mais temível do que aquilo que se pensa, e que as equipas de Leste se tenham habituado a fazer escola na prova.

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