domingo, 10 de março de 2013

Anfield recuperou a alegria


Nos idos de Março, a primeira vitória da época num jogo grande. À entrada para os dois meses em que tudo se joga, o Liverpool chega ao seu pico de forma: 3 vitórias seguidas pela primeira vez, e o 2º melhor ataque da Premier League. A Champions continua longe, mas a Europa é para levar a sério. Mais do que isso, há razões para crer que está mesmo a nascer uma pérola nas mãos de Brendan Rodgers.

O norte-irlandês chegou no Verão, novato de uns meros 39 anos. Nas duas épocas anteriores, dedicara-se a meter autenticamente o País de Gales no mapa: em 2010/2011, o Swansea tornou-se na primeira equipa galesa a chegar à Premier League; no ano seguinte, Rodgers assegurou aos cisnes um belíssimo 11º lugar. Na ressaca de Benítez, e com experiências mais ou menos sofríveis com Hodgson e Dalglish, que vedaram o top-5 ao clube nos três anos anteriores, em Anfield achou-se que era altura de bombear sangue novo.

A época tem andado longe de ser uma viagem tranquila. À 5ª jornada, por exemplo, a equipa ainda nem tinha ganho, e no fim da primeira-volta, estava num incerto 10º lugar. Saiu da Liga Europa logo nos 16-avos, e foi eliminada da Taça de Inglaterra pelo Oldham... da 3ª divisão. Mesmo assim, o ano tem usufruído de tendências irreprimíveis, pela positiva.

Acima de todos, um nome claro, feito nas margens mais agrestes do Rio da Prata, todo ele alma charrua: aos 26 anos, Suárez tem-se afirmado definitivamente como um dos melhores pontas-de-lança do mundo. O talento e a aura extremas nunca enganaram, mas não era crível que pudesse ser uma pequena máquina ofertória de golos. Num campeonato de monstros, é ele, porém, e a solo, o melhor marcador da Premiership, um figurão carismático com uma carteira de mil e um recursos, que fecha, com todo o mérito, a trindade de super-estrelas do ano, com Bale e Van Persie.

Mas também um velho conhecido voltou às épocas gordas. Exactamente como a equipa, o venerável Steven Gerrard, eterno capitão, está a fazer a melhor temporada dos últimos 4 anos, com golos e assistências a uma cadência admirável, do alto dos seus 32 anos. Têm sido eles os pilares a tempo inteiro, mas não sós. Desde o início de época, o Liverpool arrisca-se a ter o melhor set de laterais da liga: Glen Johnson é o destro mais forte do campeonato; José Enrique clama todos os dias por um lugar na Roja. 3 golos e 11 assistências entre os dois!

Outro dos golpes de asa que poderá contar a época é, ainda, o mercado de Inverno. Saíram inócuos como Aquilani, Sahin e Joe Cole; entraram Philippe Coutinho, via Inter, e Sturridge, via Chelsea, mais ou menos aos 10 milhões por cabeça. 20 e 23 anos, respectivamente, têm sido poços de rasgo que se afirmaram no imediato, com um peso indiscutível no onze.

Nos últimos 7 jogos, 4 vitórias, uma única derrota. Um futebol cheio de vida, cheio de gosto, e muitos, muitos golos. Talvez nem chegue para os objectivos no imediato, mas há um futuro risonho que se insinua. O Liverpool recuperou a alegria de jogar, e uma tarde à altura do The Kop continua a ser qualquer coisa.

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