quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

The Sessions


Notável história verídica, centrada em Mark O'Brien (1949-1999), poeta e jornalista norte-americano que, aos 6 anos, contraiu poliomielite, uma doença que o viria a paralisar do pescoço para baixo até ao fim da vida. O filme baseia-se exactamente num dos seus próprios ensaios, no qual este conta como, aos 38 anos, contratou uma sex surrogate para perder a virgindade.

A história é empática, a figura é cativante e o filme proporciona diálogos, situações e interpretações bastante boas. É um filme fácil de gostar, como acontece naturalmente com argumentos tão bons da vida real, apesar de, no global, ficar à margem do seu próprio potencial. Ben Lewin, um australiano-americano de 66 anos, que não realizava longas-metragens há 18, e também ele vítima de polio, acumulou a câmara e a adaptação do texto. O argumento consegue proporcionar, de forma atraente, momentos bonitos e diálogos de uma intimidade extrema, mas ressente-se quase sempre de uma certa brusquidão a contar a história, quase uma falta de à vontade, que lhe tira parte do sentimento e que faz tudo andar rápido demais. Isso fica evidente também na realização. O filme é consideravelmente curto para um drama (1h30), e isso é consequência de cenas empilhadas de forma pouco coesa, faltando-lhes demorarem-se mais tempo, serem mais fluídas e, no essencial, faltando mais jeito a contar a história.

As interpretações, no entanto, são inatacáveis. John Hawkes é muito bom, porventura a merecer outra consideração da Academia, conseguindo capitalizar plenamente um papel sempre muito propício, é verdade, mas ao qual também não faltam exemplos de quem não tenha conseguido cumprir. Hawkes encarna a personagem notavelmente, impregnando-o de personalidade, no humor, na estranheza e nas profundas fragilidades, e consegue, num filme ao qual falta uma certa emotividade, um carisma e uma empatia muito grandes. Helen Hunt, ela sim nomeada para Secundária, também tem um papel de óptimo nível, e mais difícil, ao qual responde sempre com naturalidade, tacto e uma afectação genuína. Até William H. Macy está à altura, na pele de um padre constrangido, mas com piada, bom conselheiro para todas as horas.

The Sessions, que venceu um Prémio da Audiência em Sundance, é uma história que justifica ser vista. Merecia, contudo, alguém com mais tempo e mais talento para a contar.

7/10

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