segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

The Cabin in the Woods


Foi ventilado como o filme de horror do ano, e merece o crédito.

The Cabin in the Woods é muitas coisas, nem todas felizes, mas não é definitivamente vulgar. A fórmula até é um pilar do género: um grupo de jovens amigos, heterogéneo qb, que vai passar um fim-de-semana a uma cabana na floresta, no que se torna, inevitavelmente, na caminhada de todos para uma morte mais ou menos dolorosa. A esta forma rasa, Joss Whedon (o idolatrado criador de Buffy, e que, este ano, também escreveu The Avengers) teve, no entanto, o mérito de injectar uma infinidade de nuances, nem sempre inatacáveis, mas ambiciosas, que, para o bem ou para o mal, emprestam distinção ao filme. A sua intenção foi justamente partir de um lugar-comum para poder reinventá-lo ("You think you know the story", é a tagline), e este inspira-se em tudo um pouco, desde o voyeurismo de Saw, ao conceito de The Truman Show, à monstruosidade de Men in Black ou à dimensão mitológica de um Indiana Jones.

Uma grande salada russa que podia ter descaracterizado a história, mas que acaba por funcionar de forma bastante razoável, uma vez que The Cabin in the Woods não tem nada de pretensioso: quer é que se disfrute do seu registo e dos joguetes da acção, sem quaisquer considerações maiores ou morais. Também por isso, o fim assenta tão bem, o que não é um pormenor. A grande marca identitária do filme é o reconhecido sentido de humor de Whedon, que quebra a tensão da acção constantemente, e produz um efeito que acredito ser pouco comum neste tipo de filmes: ter doses quase iguais de horror e de humor frio, tão indiferente quanto hilariante. Tendo todos os elementos do cinema de horror, o propósito não é assustar pela imagem, mas chocar-nos pelo non-sense exagerado e delirante da ideia, da acção, e do humor, sem nunca levar nada a sério demais. Também não é difícil reconhecer o bom ambiente, recriado pelos velhos chavões: a casa, os sotãos, a floresta, são todos cativantes.

Impressionou-me particularmente a estreia na realização de Drew Goddard, que é co-autor do texto, e que, até aqui, se tinha evidenciado justamente na argumentação, com colaborações em Buffy, Alias, Lost e com Cloverfield, por exemplo. É notável o seu à vontade no género e a sua excelente leitura, que lhe permite ser quase sempre uma mais-valia para o que está a acontecer. É energético e francamente criativo com a câmara, e isso é decisivo num filmes destes. Sem interpretações de se lhe tirar o chapéu, os melhores são Fran Kranz, um não-atleta, receoso, excêntrico e mordaz, e o grande Bradley Whitford (The West Wing), um dos masterminds da acção, ambos a beneficiarem do registo cómico do texto de Whedon.

The Cabin in the Woods não será um filme que apaixone os mais puristas do género, o que se compreende. Porém, o meio caminho entre ser ambicioso sem nunca ser sério demais, torna-o atraente, e a sua assinatura indiscutível garante-lhe um lugar no cinema de horror e mistério.

7/10

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