quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Mancini ainda acreditou no Pai Natal


O Campeão Europeu decidiu estrear ontem uma equipa com 5 defesas, perdeu feio, ficou com um pé fora da Champions e perdeu o treinador esta manhã. Mancini deve ter achado piada porque, hoje, na iminência do seu City, a equipa mais cara do mundo, falhar a Liga dos Campeões rotundamente pelo segundo ano seguido, também ele achou que receber o Madrid com 5 defesas era uma ideia de valor.

Na primeira meia-hora, o Real deu um festival que podia ter rendido 5 golos, e garantido a Mancini o mesmo destino do conterrâneo Di Matteo. Depois de Benzema, Nastasic salvou em cima da linha, Khedira picou a relva em vez da bola, ninguém conseguiu aproveitar o incêndio de Ronaldo na ala esquerda, ao som dos seus tão queridos assobios, e o Real perdoou. O italiano teve, então, a epifania de voltar a jogar com 4 defesas, fazer entrar um trinco e regressar ao esquema habitual.

O Real moderou-se e o City cresceu, mas nunca o suficiente, até que Arbeloa fez um penalty e foi expulso. Com um quarto de hora para jogar em superioridade (e as pontas finais são uma especialidade citizen), Mancini deve ter sentido que talvez o seu Natal tivesse chegado mais cedo. Não chegou. O City não merecia ter perdido no Bernabéu, mas hoje podia ter sido trucidado. A estrelinha que então faltou a Mancini, teve-a hoje, e mesmo assim o City não foi bom o suficiente.

Individualmente, Xabi Alonso fez uma monstruosidade de jogo. Um metrónomo em todos os momentos, brutalmente inteligente a compassar a equipa, capaz de entregar qualquer bola no pé a 50 metros, mesmo que tivesse uma floresta à frente. O seu jogo nos 15 minutos de inferioridade do Real foi um tratado. O primeiro regresso de Ronaldo a Manchester não passará a História, mas foi ele quem encheu o campo, quer a deslumbrar na primeira meia-hora, quer a chegar sozinho para a defesa do City, quando foi preciso. Ridícula a forma como só lhe marcaram 1 de cada 2 faltas que sofreu. Finalmente, no City, foi Silva quem carregou toda a ilusão. Começou mal a época, andou lesionado, mas está a regressar ao nível prodigioso do ano passado. A forma como solta a bola no último terço é coisa de outro mundo, que faz da equipa, não raras vezes, bem mais capaz do que é.

Pelo segundo ano seguido, o City volta a ser um desastre europeu. Desta vez, o agora campeão inglês nem foi capaz de esperar pela última jornada para fazer as malas, e precisou da graça de mais um passeio do Borussia em Amesterdão, para não perder até a vaga na Liga Europa. No cargo, Mancini é, de vez, o dead man walking que sempre pareceu. Resta saber se ainda é capaz de fazer um campeonato tão extraordinário que o aguente até ao Verão.

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