sábado, 2 de junho de 2012

O nosso Euro que está para vir


Pondo-o de uma forma clara, é o seguinte: ir lá ficar nos grupos é não ir.

Nunca estivemos num grupo da morte que reunisse o 2º e o 3º do Mundial anterior. É provável que este seja o pior de sempre. Mas, nos últimos 16 anos, nunca deixámos de passar uma fase de grupos, e, em 2000, ganhámos um grupo da morte quando ainda não éramos ninguém. Não pode ser mais difícil do que isso. Acho que somos uma das 4 melhores selecções europeias da actualidade, o problema é que duas das outras três estão no nosso grupo, e um de nós ficará sempre irremediavelmente aquém do seu potencial. Não há é ninguém que me convença que não somos equipa para alemães e holandeses.

Não temos de ganhar o Euro, não temos de ir à final, mas temos de passar os grupos e, digo mais, por ingrato que isso possa soar, tendo em conta que o adversário nos quartos sai do grupo A (Polónia, Rússia, Rep. Checa e Grécia), não chegar às meias neste Polónia-Ucrânia vai saber a pouco.

É possível que esta selecção não esteja ao nível de 2000, 2004 ou 2006. Não sei. Mas sei que temos 2 ou 3 melhores do mundo, que seriam titulares em qualquer selecção, mais uns quantos do que a Europa tem de melhor, um grupo equilibrado, jovem e fiável, e que, não é dizer pouco, respira saúde.

Acima de todos, Ronaldo, claro. Óbvio que não vai marcar 60 golos como no Real, mas ao melhor jogador europeu da actualidade exige-se que não seja menos do que isso. Os camaradas desvalorizam, mas Ronaldo joga mesmo a Bola de Ouro neste Europeu. Para o bem e para o mal, nosso e dele, tem de corresponder.

Depois Pepe, Meireles, Coentrão, Moutinho e Nani. Os dois primeiros depois de uma época magnífica, os outros três num momento da carreira em que é obrigatório dizerem presente. Nesta espinha dorsal de luxo temos o que de melhor se vê no continente.

Finalmente, é justo falar de Patrício e Postiga, a virem ambos de um ano de alto nível, e a poderem ser fiéis da balança verdadeiramente determinantes, em duas das nossas lacunas históricas. De Patrício, é quase unânime que vai explodir no Euro; se estiver ao nível de Eduardo na África do Sul, será mais do que suficiente. Postiga tem o ponto de interrogação eterno sobre as costas, mas provou, entre os melhores do mundo, que pode fazer a diferença.

Quem chega ao nível a que chegámos na última década, perde o direito de conformar-se. Ser eliminado por Alemanha e Holanda até pode ser normal; para nós, pelo menos, não pode ser suficiente.

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