quarta-feira, 30 de maio de 2012

O mais unânime do pódio é quem cai


Chocante a rescisão do Braga com o melhor treinador do campeonato.

Sondagens do Porto, enquanto se cozinha a saída de Vítor Pereira? As decisões que parecem abruptas costumam ser muito mais do que isso, e se Jardim estava receptivo ao Porto para essa eventualidade, é legítimo que Salvador não tenha querido continuar a preparar a época com quem pode vir a não contar em breve. Neste momento, contudo, esse é um cenário com tanto de conspiratório como outra conspiração qualquer.

Quanto ao que é público: no início da semana, a notícia era que Salvador não teria ficado agradado com o facto de Leonardo Jardim ter dito que a relação de ambos era "profissional". A polémica pareceu bacoca, mas este pode muito bem tratar-se de um caso de falta de empatia.

Aliás, a primeira sensação segura que fica é que António Salvador deixa cair um treinador de alto nível - que fez do Braga a equipa mais equilibrada do campeonato, a espaços com o melhor futebol, uma série de jogadores valorizados, um título disputado até à última, e uma qualificação para a Liga dos Campeões -, por uma certa falta de carisma e de imagem. Jardim não é um treinador da moda, não é polémico, não é uma marca, e essa esterilidade parece chocar com a imagem que o presidente do Braga deseja que o clube projecte. Nesta lógica, por exemplo, faz todo o sentido que se insista no nome de Sérgio Conceição.

Leonardo Jardim provou o que tinha a provar. É verdade que lhe faltou estaleca para jogar o título com os maiores, mas o nível táctico, a valorização de jogadores e a produtividade garantem-lhe um lugar no banco de um grande no espaço de dois anos.

Conceição fez um trabalho muito bom em Olhão - melhor, aliás, do que Jardim tinha feito em Aveiro -, e não espantará ninguém se for uma aposta bem sucedida. O problema é que mudar de treinador não é como mudar de camisa, e este é o tipo de decisões que afecta uma equipa, muito mais do que a costuma beneficiar.

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