sexta-feira, 11 de maio de 2012

O fim do meu Milan


 "Sandro, Rino, Pippo, Clarence: compagni e/o avversari, ma nemici mai. Felice di aver giocato con e contro di voi. Vi stimo, ragazzi. Ale"
Del Piero

Despedem-se estes dias do Milan, não um, não dois, mas quatro históricos. Quatro verdadeiramente grandes: Nesta, Gattuso, Seedorf e Inzaghi. Com eles despede-se, por fim, uma das mais extraordinárias equipas com quem cresci, uma das inesquecíveis: o monumental Milan europeu de Ancelotti. Já tinham ido o eterno Maldini, Dida, Kaladze, Sheva e Rui Costa, há menos tempo Kaká e Pirlo, desta vez celebra-se definitivamente o fim da história. Que jogadores.

Nesta foi, a par de Ricardo Carvalho, o melhor central que vi jogar. Jogava de pantufas, antes dos outros, sem bater. Passeava-se numa zona feia do campo, onde parecia sempre não pertencer. Tinha classe até a andar.

Gattuso era o contrário. Jogava com o coração nas mãos, sempre no limite, sempre ligado à máquina, disposto a correr quando já mais ninguém corria. Disse uma vez que, ao ver Rui Costa e Kaká, não sabia como podia ser jogador de futebol. Falava como jogava, sempre de coração aberto.

Seedorf era o senhor. Parecia jogar num andar acima do campo, sempre paciente e filosofal, a ver o que os outros não viam, a encaminhá-los. Aos 36 anos, era o único dos quatro ainda titular. A pensar, dura-se mais tempo.

E, finalmente, Pippo, com Nistelrooy, o 9 que mais idolatrei, uma ave de rapina em forma de homem, capaz de aparecer nas costas de qualquer defesa, ou de um exército que fosse, e de decidir qualquer jogo.

Com eles, acaba uma das razões porque isto pareceu valer tanto a pena para um miúdo de 12 anos. Ainda verei muito futebol, mas as lendas com quem cresci nunca serão menos do que isso. Que equipa.

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