sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

War Horse


É o filme mais infeliz da carreira de Spielberg.

War Horse é uma aberração, na qual não acreditaria se me contassem. O filme é um devaneio perturbador sobre humanizar um cavalo, e conta a história da vida desse cavalo que, por acaso, mete pelo meio uma Guerra Mundial. Não sei qual era a ideia de Spielberg, mas ainda me custa a crer que tenha sido ele. O cavalo só não fala: de resto, cria grandes laços e é ouvinte de toda a gente, é hiper-altruísta e sacrifica-se por outros cavalos, tem todo um jogo de olhares, tem um fraquinho por ser um MacGyver fazedor de impossíveis, e tem mais histórias da guerra do que quase todos os homens que alguma vez por lá passaram.

O pior de tudo é, sem dúvida, a relação quase carnal do protagonista com o bendito cavalo. A ideia era contar uma história de companheirismo diferente, e fazer do cavalo o melhor amigo do homem, mas falhou rotundamente: é infeliz nos planos, no toque, na química, na adoração, em tudo. E não se pense que o filme chega, sequer, a enganar: os primeiros 20 minutos fazem questão de deixar logo a nu a psicose que ainda estava para vir nas duas horas seguintes. War Horse não tem argumento, não tem empatia e não tem personagens: tem um cavalo antropomórfico, e as ilações um bocado perturbadoras que se achou de tirar da sua história de vida.

A única coisa boa do filme é a cinematografia de Janusz Kamiński, colaborador de Spielberg há 20 anos. Celine Buckens, uma estreante de 16 anos, é a única que merece reconhecimento a nível interpretativo. Só há uma grande cena - de um britânico e um alemão nas trincheiras, perto do fim - e, de quando em vez, a realização de Spielberg, mas à volta é tudo tão esquisito que até fica mal destacar.

War Horse é, pura e simplesmente, uma das piores coisas do ano. A nomeação para o Óscar de... Melhor Filme poderia preencher o anedotário da Academia para 2011.

4/10

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