terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sporting: uma tragédia que não acaba


"A saída de Domingos é uma questão que não faz sentido"
Godinho Lopes... no Domingo

Não é discutível que Domingos tenha falhado, como escrevi aqui recentemente. Mesmo na lógica de um projecto que não era, como é evidente, para meio ano, estar, à 18ª jornada, a 16 pontos do líder e a 8 do pódio, fora das meias-finais da Taça da Liga e na final da Taça só com todos os favores do mundo, é desolador. Domingos teve melhores meios que os antecessores, mas falhou, e é verdade que os sinais no imediato não eram encorajadores.

O problema é que, no Sporting, toda a gente falha. E ver a figura deplorável que Godinho Lopes fez de si próprio, depois do que disse anteontem, explica quase tudo. A direcção chegou a enganar - investimento, bons jogadores, bom treinador - mas, no momento do tudo ou nada, mostrou que não está à altura. Não é assim que se gerem equipas, e assim não se ganha nada. E para ter um exemplo, nem era preciso ir muito longe: bastava olhar para o Norte, e para a protecção que é dada a um treinador 10 vezes inferior a Domingos. Para Godinho Lopes, Luís Duque, Carlos Freitas, ou seja lá quem for que manda neste Sporting, salvar a pele foi mais importante. Será o clube a pagar por isso.

Sá Pinto não é uma aposta arriscada nem espirituosa: é, pura e simplesmente, a única aposta possível num momento em que nenhum treinador digno desse nome aceitaria o cargo. Na impossibilidade de ter alguém com trabalho a falar por si, a direcção agarrou-se à única coisa que podia garantir: o sportinguismo. Sá Pinto será um treinador-adepto, um apaixonado, mas é preciso mais do que vontade para triunfar, e olhamos para os últimos treinadores campeões - Villas-Boas, Jesus, Jesualdo, Trapattoni -, e parece que este já não é o tempo dos agitadores. A realidade é que se o Sporting tinha chance de conseguir alguma coisa no médio-prazo, seria sempre mais com Domingos do que com Sá Pinto. Para a direcção, contudo, os problemas do clube vão-se resolver pondo na rua o melhor treinador que estará ao seu alcance em muitos anos.

Por último, Domingos: fizeram-lhe um favor. É ele quem ficará melhor no meio disto tudo, saindo quase tão imaculado como entrou.

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