segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sometimes the truth isn't good enough


Acreditei, até ao último segundo, que Contador não fosse condenado. Não alguém tão bom como ele. Contador foi o segundo melhor ciclista que vi nestes anos todos, só atrás de Armstrong. Mais do que um prodígio em cima da bicicleta, das tácticas ou da equipa, era a superioridade da atitude que o distinguia de quase todos: Contador não era o melhor só porque tinha talento, era o melhor porque só sabia correr para ganhar. É daquelas coisas que não se aprende, tem de nascer connosco. No pelotão internacional dos últimos anos, talvez se equiparassem a ele em talento, em capacidade de sacrifício ou em resultadismo; nunca em mentalidade.

A condenação de hoje é desoladora. Não chega, porém, para me converter. Escrevi aqui, em tempos, que se Contador caísse, perdia-lhe todo o respeito, e o ciclismo deixava de fazer sentido; a verdade é que não consigo. Contador dopou-se e mais um gigante deixou-nos ficar mal, tornou-se mortal como nós. Mas páro, lembro-me dele a correr sempre contra todos, porque nunca precisou de ser o tipo simpático ou o bom perdedor, lembro-me dele a atacar quem fosse preciso, mesmo sem ser preciso, e penso no quão inconcebível é ter Schleck a ganhar um Tour e Scarponi um Giro, depois de andarem a cheirar a sua roda, apavorados, durante três semanas.

Contador descredibilizou a sua profissão, e desiludiu e perdeu a consideração de muita gente, mas até as lendas têm o direito de ser humanas às vezes. E grandeza competitiva não há doping nenhum no mundo que possa dar.

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