sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

CAN 2012: E, de repente, houve Costa do Marfim


A grande dúvida era saber se, quando chegasse a hora, a Costa do Marfim estaria à altura. E esteve, de facto. No jogo mais exigente de uma prova que tem sido, pelo menos, simpática, os marfinenses puxaram dos galões e mostraram o que vale a máquina. Se depois da Guiné sobraram dúvidas, agora é difícil não imaginar uma Costa do Marfim campeã africana: percebemos porque é que a equipa não sofre golos - força impressionante do quarteto da defesa, grande disciplina nas laterais, mais o pêndulo Zokora -, e vimos, finalmente, o que vale estarem ligados ao jogo, ao mesmo tempo, Yaya, Gervinho, Kalou e Drogba. Ficaram-se pela obra de arte de Gervinho, mas só por acaso, porque houve futebol para números gordos.

O Mali não foi, mesmo assim, o bobo da festa. A equipa de Alain Giresse valorizou o espectáculo, e contribuiu, indiscutivelmente, para a grande primeira-parte de Libreville. Os malianos perderam muito do jogo pela falta de capacidade defensiva e, em boa parte, de maturidade competitiva, mas, mesmo escasseando-lhes talento individual, foram uma belíssima surpresa a nível de estilo: privilegiam sempre o toque curto, e jogam um futebol apoiado que é atraente e os protege das suas fraquezas. Até a Costa do Marfim ter trancado o jogo em meados da 2ª parte, o Mali poderia ter sido feliz numa mão cheia de grandes jogadas, às quais só faltou mais do que o gigante Diabaté na frente. O velho Kanouté teria valido pela vida na cabeça do ataque.

Com a queda chocante do Gana nas meias-finais, será preciso um cataclismo para que Drogba não vença, aos 33 anos, a primeira CAN da sua carreira.

Costa do Marfim - Jogo de nível muito alto de quase toda a gente. O melhor em campo terá sido Yaya Touré. O colosso do City pegou no jogo, arrastou a equipa consigo e foi especialmente fracturante a aparecer na área adversária. Gervinho merece necessariamente o destaque pelo monumento de golo: sprint, classe a definir mas, sobretudo, o nó cego que meteu o defesa maliano numa cova. Numa exibição exemplar a nível defensivo, brilharam ainda Zokora, a âncora invisível, e Jean-Jacques Gosso (28 anos, Orduspor), um verdadeiro camião na lateral-direita.

Mali - Defesa e ponta-de-lança pobres, mas um grande pentáculo a meio campo (a equipa jogou em 4-5-1). Keita, claro, foi o farol, sempre com a bola colada ao pé, naquele seu jeito de monge paciente, mas ficaram na retina Yatabaré (26 anos, Guingamp), o mais rápido, pela direita, e Samba Diakité (23 anos, QPR), muito forte, mais no miolo. Nenhum especialmente desequilibrador, mas todos com muita noção dos momentos do jogo, numa teia de valorização da posse de bola à qual só faltou definição à frente da baliza.

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