segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O Porto anunciado e o Sporting implodido


Foi-se a Taça com estrondo, a Champions pela porta dos fundos e, com a primeira derrota em mais de dois anos, é a vez do Campeonato começar a fugir das mãos. 5 pontos não são, de facto, irrecuperáveis, mas, para este Porto de Vítor Pereira, pelo menos parecem. Em Barcelos, num campo difícil, e sabendo da vitória do Benfica na véspera, foi desolador o que o Porto voltou a não jogar: zero de criatividade (e a aberração de deixar Belluschi no banco...), zero de objectividade, e, mais indiscutível impossível, nenhuma oportunidade de golo até ao Gil estar a ganhar por... 3-0. Há muito tempo que este Porto parou de brilhar; sem Hulk, contudo, a equipa nem consegue esboçar o piloto automático. À primeira adversidade, o campeonato eficiente ruiu como um castelo de cartas, e Vítor Pereira - que continua a não ajudar nem com o discurso, nem com a motivação, nem com as opções tácticas - é, cada dia mais, um treinador à espera de um milagre. Até ao início de Março, com a eliminatória frente ao City e a visita à Luz, saberemos se eles existem.

O Sporting é um verdadeiro case-study. No fim de Novembro, quando jogou com o Benfica, a equipa estava a 1 ponto do líder; hoje, está a 13, e pode acabar a 18ª jornada... no 5º lugar. Nos últimos 10 jogos só ganhou 2, e conseguiu complicar de forma absurda a passagem às meias-finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga. Pelo caminho, a euforia de Alvalade tornou-se num mar de depressão e de casos. Peseiro tem razão quando diz que só um lunático pediria um Sporting campeão este ano, mas estar, no fim do Janeiro, completamente fora da luta do título, e com o próprio pódio em risco, é um desastre, seja de que ângulo for.

Domingos pôs o Sporting a jogar o melhor futebol em muitos anos, fez um primeiro terço de campeonato ao nível dos rivais, ganhou o grupo na Liga Europa e é o único grande que segue na Taça. Mas, como é óbvio, para um investimento de 50 milhões de euros na equipa de futebol, isso nunca será suficiente. Domingos deu vida à equipa, mas não foi capaz de mantê-la ligada à máquina, e não tem sabido gerir o grupo a nível humano (Neto e Ribas, dois jogadores banais, a jogarem poucas horas depois de chegarem, Bojinov crucificado, etc).

Apesar de tudo, digo para Domingos o que disse para Jesus no ano passado: demiti-lo seria um erro tremendo. Os feitos de Domingos falam pela sua competência, e o Sporting dificilmente conseguirá arranjar algum treinador muito melhor do que ele. Além de que dar-lhe, ao menos, dois anos para trabalhar, é o mínimo dos mínimos num clube que, convém não esquecer, não tem estrutura nenhuma.

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