sábado, 31 de dezembro de 2011

Margin Call


É um thriller com muita classe. O que salta mais à vista é o grande nível da realização de J.C. Chandor (que também escreveu o argumento), um estreante nestas andanças, e que já lhe valeu o prémio do National Board of Review para melhor rookie do ano. Visualmente é um filme magnífico. Tudo é cuidado, muito bem pesado, com o intuito de compor um ambiente tenso, volátil, próprio de lidar com pinças. Metade do filme desenrola-se mesmo pela madrugada num arranha-céus, com escuridão, muito silêncio, planos e diálogos muito pausados. É francamente atraente. Depois o filme praticamente não tem agitação porque vive numa guerra de nervos, com todos os envolvidos a terem experiência e serenidade para compreender e saber lidar com a situação, ainda que esta fosse gravíssima.

O filme trata as primeiras horas da crise financeira mundial num banco de investimento. Os momentos em que se percebeu a amplitude de tudo aquilo e em que se teve de agir o mais rápido possível, a que custo fosse. Gostei de Kevin Spacey. Claro que já não é o ícone dos anos 90, mas tem aqui o papel mais interessante em anos, na pele de um executivo com décadas de casa, voz da consciência em relação às consequências do que estava prestes a acontecer. Um homem desapegado, mas comprometido com o futuro e o legado da instituição. Num elenco com muitos nomes grandes, destaco ainda Paul Bettany, pela tremenda personalidade que consegue sempre emprestar às suas personagens. Jeremy Irons não impressiona, e Zachary Quinto continua tão inexpressivo como o Sylar de Heroes.

O argumento não acrescenta muito, mas a realização cria um clima muito bom, suportado por um elenco que é, no mínimo, fiável. Margin Call é um dos bons filmes deste 2011 às portas do fim.

7/10

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