sábado, 12 de novembro de 2011

Já devíamos estar fartos de ser os porcos

roubado ao Arrastão

"Ao aventar a hipótese de referendo Papandreous desencadeou um outro escrutínio: "A construção europeia tem algum pingo de respeito pela democracia?" À falta de referendo tivemos, pois, uma significativa eurosondagem em que o não à democracia demarcou com maior nitidez as fronteiras do seu império. No ostensivo esmagamento perpetrado pelo "Não ao referendo" está a dádiva de limpidez de Papandreous para toda uma geração de europeus."
Bruno Sena Martins, idem

"Perante o ato normal em qualquer democracia - referendar a perda de soberania e decisões com repercussões para gerações de cidadãos -, Sarkozy e Merkel falam com um Estado soberano como nunca aceitariam que algum estadista alguma vez se dirigisse a eles próprios. (...) A pergunta que sobra é esta: quem, mal saia desta crise, quererá ficar na União Europeia e ter de prestar vassalagem a alemães e franceses?"
Daniel Oliveira, também

A maneira como foi tratada a questão do referendo na Grécia foi a gota de água na casa dos horrores em que a Europa se tornou. 27 países, um mercado de 500 milhões de pessoas, uma moeda comum, mas franceses e alemães decidiram que a Democracia já não mora aqui.

Temos assistido nas últimas semanas, ainda por cima na condição de PIIGS, a dois chefes de estado não eleitos no âmbito da União a decidirem a solo o futuro de gerações de europeus, à boa maneira imperial. Mandam e desmandam, ordenam e até já ameaçam, única e exclusivamente na base do seu poderio. Todos os dias a Europa perde o respeito por si própria, por toda a sua tradição democrática e por todas as suas conquistas sociais do pós-Guerra. Todos os dias os países periféricos são humilhados porque alemães e franceses querem garantir que, antes de qualquer solução eventual, seremos chulados até ao tutano. Ignorando que a economia deles depende da nossa, e que a crise é tanto culpa deles como nossa, ou não tivessem sido eles os primeiros a desrespeitar o limite dos défices, ou não estivessem eles a congelar a renegociação da nossa dívida e a intervenção a sério do Banco Central Europeu.

E tudo isto até poderia ser distantemente suportável não fosse a sobranceria. Merkel e Sarkozy não foram eleitos por 500 milhões de europeus, não podem mandar em 500 milhões de europeus e, acima de tudo, não podem falar a 500 milhões de europeus como falaram com a Grécia. À mera possibilidade de um referendo, o eixo franco-alemão respondeu aos gregos com a porta da rua. Pois se calhar está mesmo na hora. Já é altura de mostrar a esses ditadorzinhos xenófobos de merda que o tempo de brincar aos Impérios acabou. Se é para isto pois que fiquem sozinhos, a ver qual é a solução das suas indústrias para o fim do mercado único que as tem feito viver estes anos todos.

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