sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Super 8


Depois de ter produzido Cloverfield, J.J. Abrams fez-se à estrada e escreveu e realizou o seu próprio monster movie. Até chegarmos ao último terço e entrarmos no palco do monstro e de uma mini zona de guerra, o criador de Lost tinha em mãos um dos filmes do ano.

Durante o Verão de 1979, numa pequena cidade da "América profunda", Super 8 é a história de um grupo de amigos (por volta dos 14 anos) a tentar realizar um filme, e da maneira como a sua vida é afectada pelo descarrilamento de um misterioso comboio militar, numa das suas noites de filmagens. Super 8 apanha muito bem a essência desses anos idos, ilustrando-os com uma nostalgia cativante, e tem sempre os miúdos como personagens centrais, o que, podendo ter levado a uma infantilização da acção, contribuiu, pelo contrário, para um ângulo fresco, capaz de nos relembrar dos nossos sonhos e aventuras de crianças.

Nota-se que Abrams investiu muito nos seus miúdos. Investiu e escolheu muito bem: na verdade, Joel Courtney e Elle Fanning (irmã de Dakota, dez vezes melhor do que ela) são magníficas revelações e absolutas mais-valias para o filme. Sérios e profundos, chegam a parecer adultos presos no corpo de crianças, mais velhos do que a sua idade, pelas circunstâncias das suas vidas. A química da aproximação entre os dois é a cereja no topo do bolo. E ainda vale a pena mencionar Riley Griffiths, um pequeno realizador cheio de cor.

Pena que o livro da inspiração se tenha fechado para o resto. Abrams não conseguiu inventar um fim, e ficou-se por uma amálgama de coisas que já vimos em todo o lado - a maior parte sofríveis -, um bom par delas sacadas de caras a Spielberg, que produziu Super 8 e serviu claramente de inspiração. Com meio caminho tão bem feito, ficou a saber a pouco.

7/10

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