quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Sobre o Madrid 10/11

- O Real de Mourinho segue a passos curtinhos, ao contrário do que as 4 vitórias seguidas ou o 3-0 de ontem podem sugerir. À equipa ainda falta bastante estabilidade atrás, e muito maior afinação colectiva à frente. É por isso, natural, a ausência de futebol pujante durante a maior parte do tempo. Também é ponto assente, sobretudo para quem se lembra dos inícios no Chelsea e no Inter, que isso não é necessariamente motivo de preocupação.

- O 3-0 de hoje ao Espanyol é um resultado bastante exagerado. Porque o árbitro acabou por contribuir e porque os catalães mereciam, pelo menos, ter chegado ao golo. Ainda assim a vitória do Real não sofre discussão.

- Para já, é nítida a preocupação de Mourinho em ter uma equipa irrepreensível atrás. Como o próprio já disse mais do que uma vez, é assim que começa a construir as suas equipas. De qualquer maneira, este Real tem demorado um pouco mais do que será costume, e continuará a ter algum trabalho nos próximos tempos. Pese o meio-campo defensivo de excelência, dos 5 atrás só Ricardo Carvalho e Casillas são fiáveis quase a 100%. Sérgio Ramos e Marcelo são poderosíssimos a atacar (Marcelo fez um grande jogo ontem a esse nível), mas principalmente o espanhol é muito sobranceiro, o que se traduz numa permanente ausência defensiva na lateral. Também no meio, Pepe permance por domar, e a nova expulsão de ontem poderia ter saído muito cara à equipa. Sem falar de que é a derradeira afirmação do jogador, aos 27 anos, que fica em causa. Saudades terá Mourinho de Maicon, Lúcio e Zanetti.

- O duplo pivot Xabi-Diarra é dum rendimento a toda a prova. Lass foi dos melhores em campo ontem, e mantenho que é dos melhores trincos puros do futebol actual.

- O meio-campo ofensivo, como já disse, anda verde. Ozil é, para já, claramente o menos adaptado, e ainda por cima tem de carregar a sombra de Kaká. Apesar da mecânica em si funcionar mal, individualmente Di María e Ronaldo até acabaram por conseguir brilhar, em fases diferentes do jogo. O argentino foi o melhor em campo na 1ª parte (foi sacrificado, depois, quando Pepe foi expulso), e é admirável a sua confiança e a maneira como as coisas até já lhe acertam. Ainda assim, a troca permanente de flanco com Ronaldo torna-o ainda mais intermitente do que é costume. Ronaldo fez um jogo em crescendo, e foi o melhor na 2ª parte. Sem Kaká, e com muitos miúdos à volta, foi ontem o que este Real precisava, e quando mais precisava. Isto é, um jogador pronto a pegar no jogo em qualquer espaço, generoso e especialmente objectivo. Merecia um golo não penalty. E a assistência para Higuáin no 2-0 é óptima.

- No ataque marcaram ambos os 9, Higuáin e Benzema. Mas o Pipita, pese os registos excelentes das últimas 2 épocas, continua a esbanjar golos até fazer impressão. Concretizasse Higuaín um terço do que proporciona, e seria um dos 2 ou 3 melhores pontas do mundo. Já Benzema, ainda como que meio proscrito por Mourinho, teve uma única bola e, magistralmente, matou o jogo. Por certo com outro tipo de atitude, já seria titular neste Real. A classe dos seus movimentos salta à vista.

- Uma última palavra para a arbitragem absolutamente desastrosa deste Real-Espanyol, sempre um bom termo de comparação para nós, que temos tão maus exemplos por cá. O penalty de Ronaldo é mal assinalado, mas há outro que fica por marcar a favor do Real. Também as expulsões de Pepe e Galán (sem falar na de Forlín, confusa, depois de um golo) são francamente forçadas. E o próprio Pepe devia ter sido expulso mais cedo. Um desastre.

Sem comentários: