domingo, 11 de julho de 2010

Foi Assim Que Aconteceu #25 - FINAL

Holanda - Espanha, 0-1

A Holanda foi melhor do que eu esperava. Mesmo sufocados no início das partes e no prolongamento, os holandeses não abdicaram do jogo, não foram afogados como os alemães e, mesmo que às vezes por linhas tortas, e sem espaço para abrirem no sobredotado trio de ataque, fizeram o seu jogo, contrariaram a Espanha no possível e, justamente, tiveram bolas instrumentais para mudar o rumo do jogo, Mathijsen e Robben, sobretudo, que o digam. Contudo, desde o início, disse que esta não era a Holanda dos velhos tempos, apaixonada e apaixonante, e para mim, sem o estilo, incaracterística, era difícil acreditar nela campeã. Entendeu o destino que a Laranja há de sê-lo, mas realmente não assim.

A Espanha é a melhor selecção do Mundo. Não foi a que jogou melhor, talvez nem a 2ª ou a 3ª, não foi a mais entusiasmante, e é uma selecção menos inspiradora do que a de 2008, com menos vertigem nos últimos 20 metros, menos Barça, mas se aos holandeses falta estilo, filosofia própria, os espanhóis são dum mundo à parte. O tiki taka foi esticado e posto à prova, podia ter caído (Del Bosque é, curiosamente, bem mais conservador do que era Aragonés), mas estes são, definitivamente, novos tempos para o futebol mundial. Mourinho impediu, há uns meses, que a equipa da década fosse a primeira da história a bisar uma Liga dos Campeões, mas esta Espanha, campeã da Europa e campeã do Mundo, o 3º país a consegui-lo, consolidou a filosofia deste século XXI: o carrossel (tão ironicamente cruijffiano na essência), e, acima de tudo, a extrema inteligência em jogo.

À espera da geração Barça, que juntou hoje o Campeonato do Mundo ao Campeonato da Europa, à Liga dos Campeões, ao Campeonato do Mundo de Clubes, à Supertaça Europeia, à Liga espanhola, à Supertaça Espanhola e à Taça do Rei, estará um admirável mundo novo nos próximos 4 anos. Por mais que me custe a admiti-lo, e custa, o caminho para esta Espanha, tão jovem, inacomodada, confiante, e a jogar pela sua cabeça, é o do futuro. Até ao Rio de Janeiro, em 2014, escrever-se-á se cabe mesmo a esta Espanha passar da História para outro lugar qualquer. Acima.

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