sexta-feira, 21 de maio de 2010

Robin Hood 2.0


A melhor coisa que poderei dizer dele é que foi melhor do que eu estava à espera. Um candidato a épico, protagonizado pelo Russel Crowe, e realizado pelo Ridley Scott, tinha muito mais possibilidades de soar a cópia e falhar, do que o contrário, e não foi isso que aconteceu. Robin Hood não é, de facto, um filme inesquecível, está longe de ser um épico lendário como O Gladiador, ou, mais no registo, como O Último Samurai, nem conta com interpretações avassaladoras (sem demérito para o Crowe, que continua a regressar aos velhos tempos, depois do excelente State of Play, mas também para a Blanchett, que é sempre uma garantia, ou para Mark Strong, depois, também, do apreciável Sherlock Holmes), mas é um filme com uma qualidade indiscutível.

Desde logo, a realização. O trabalho de Ridley Scott é francamente bom, elaborado e preciso, e esta qualidade, na imagem, nos planos, nos slow motions, a intensidade das cenas de confronto, a cor muito própria, é uma garantia para quem o vê. Poderemos falar no orçamento, nas preocupações mais estéticas do que eventualmente de conteúdo, mas um trabalho tão estilizado determina um nível de base para o filme. Um nível alto.

O argumento é muito inteligente. Era fácil fazer qualquer coisa muito épica, qualquer coisa à Robin dos Bosques, mas esta ideia foi desconstruída completamente. Fugiu-se à história tradicional, emprestou-se-lhe criatividade e cor, uma nova abordagem (o filme é uma prequela, por assim dizer, à lenda), e até um escape cómico que, surpreendentemente, acerta quase sempre. O objectivo foi dar ao filme um tom mais leve, mais comercial, mas foi por essa lucidez em fugir ao drama e ao negrume comum, em fugir ao que toda a gente já tinha visto, que o filme resultou.

É claro que há falta de sensibilidade nalguns pormenores (os convidados de última hora na batalha final são absurdos, como sai um bocado a ferros a gestão da figura de Robin Hood, ou é um desastre a personagem do Príncipe John), mas, na essência, é um filme fresco, feito de maneira inteligente, e que justifica perfeitamente o bilhete.

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